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Médica pediatra dermatologista diz que pele do bebê pode e deve ser hidratada desde o nascimento para mantê-la saudável e evitar doenças
Pode parecer frescura, mas não é. Hidratar a pele é um hábito que pode ser desenvolvido desde o nascimento e que vai ajudar a evitar o desenvolvimento de uma doença de pele bastante incômoda: a dermatite atópica.
A hidratação também serve para tratar outras condições de pele, como a queratose pilar, que é o surgimento de bolinhas ao redor dos folículos, que são os orifícios por onde saem os pelos, e que pode provocar bastante coceira e desconforto.
Conversamos com a pediatra dermatologista Maraya Mainardi, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, para saber como hidratar a pele dos bebês e crianças corretamente.
Segundo Maraya, a pele do bebê pode começar a ser hidratada a partir do primeiro dia de vida, já que a hidratação precoce ajuda com a descamação, que é um processo fisiológico normal no recém-nascido, e vai ajudar a prevenir a dermatite.
“Quanto antes começarmos a hidratar a pele do bebê, mais ela vai ficar protegida e vamos reduzir o risco de surgirem doenças como a dermatite atópica”, diz a médica. Essa prevenção é ainda mais importante em filhos de pais asmáticos ou que sofrem de rinite ou dermatite, ou que tenham irmãos com esses problemas. “É importante que a rotina de hidratação seja criada desde a infância e mantida ao longo da vida”, afirma a pediatra.
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Mas qual é a relação dessas doenças respiratórias com a pele? Segudo Maraya Mainardi, a genética da dermatite atópica, da rinite e da asma é a mesma, então quem tem problemas respiratórios, ou é filho de pais com esse tipo de doença, tem mais chance de desenvolver a dermatite.
O contrário também pode acontecer. Se um paciente com dermatite não for tratado adequadamente, esse quadro pode evoluir para uma rinite ou asma. É o que se chama de marcha atópica. “É como se fosse a mesma doença, mas em locais diferentes do organismo”, diz a dermatologista.
Dermatite
A dermatite atópica é uma doença caracterizada por sinais clínicos como lesões avermelhadas, chamadas de eczemas, que são extremamente pruriginosas, ou seja, que causam coceira. Essas lesões costumam ser recorrentes e geralmente aparecem nas dobras da pele.
Alguns pacientes têm formas de dermatite mais leves e podem ter as lesões com menos frequência, mas apresentarem a pele sempre seca.
E como diferenciar uma pele com dermatite de uma pele seca? Além dos sinais indicados acima, outros sintomas podem ser um alerta.
Se um paciente passa a não tolerar bem o suor, por exemplo, e quando transpira começa a se coçar muito, ou que comece a apresentar as lesões, pode estar evoluindo de um quadro de pele seca para dermatite.
Veja nossas dicas para hidratar corretamente a pele do bebê (as dicas valem também para crianças mais velhas):
Pele normal
A pele normal é aquela em equilíbrio entre hidratação e oleosidade. É aquela pele com elasticidade, maciez, sem sinal de aspereza ao toque.
Nesse caso, aplique o hidratante caprichadamente uma vez ao dia, logo depois do banho.
Pele seca ou com dermatite
A pele seca é aquela com elasticidade comprometida, áspera ao toque e que muitas vezes pode se apresentar com uma cor esbranquiçada.
Nesse caso, hidrate quantas vezes forem necessárias para a pele ficar com um aspecto mais saudável e mais macia. Geralmente de duas a quatro vezes por dia é suficiente mas, em alguns casos, podem ser necessárias mais aplicações. Depois do banho, faça uma hidratação mais intensa.
Procure produtos específicos para esse tipo de pele.
Pele sensível
A pele da criança já é mais sensível do que a dos adultos naturalmente. Mas, em alguns casos, ela pode ser mais sensível do que o normal.
Para não se confundir: sensibilidade não tem a ver com ressecamento, mas sim com reatividade da pele. “Esse tipo de pele reage aos estímulos de maneira mais exacerbada”, diz Maraya.
É aquela pele que à menor manipulação já fica vermelha, ou que desenvolve assaduras com mais facilidade.
Nesse caso, utilize hidratantes específicos para esse tipo de pele.
Como escolher o produto certo:
Segundo Maraya Mainardi, o ideal é optar por produtos em creme ou loção cremosa em vez de óleos, pois eles são melhor absorvidos pela pele. A camada mais externa da pele, que é a barreira de proteção desse órgão, é “hidrolipídica”, ou seja, formada por água e gordura. Um produto, para penetrar na pele, tem que conter os dois componentes: óleo e água. Os cremes e loções são produtos desse tipo.
Já os óleos puros não são bem absorvidos. “Os óleos podem dar a sensação de emoliência, mas a pele não os absorve, então a hidratação proporcionada por eles fica aquém do que precisamos”, diz a dermatologista.
Veja no rótulo para qual idade aquele produto é adequado, se pode ser usado a partir do nascimento, ou se é para usar a partir dos seis meses de vida, por exemplo.
Opte por produtos sem perfume ou com uma fragrância bem leve. Procure marcas que produzam especificamente para o público infantil e/ou que são focados em cosméticos dermatológicos, como por exemplo Mustela, Huggies Turma da Mônica ou Johnsons’s, porque isso diminui a chance de a criança desenvolver alguma alergia.